Salve Nossa Senhora da Conceição Aparecida
Iniamos com a Quarta-Feira de Cinzas um tempo muito especial na vida da Igreja Católica. A Igreja quer santificar o tempo e neste sentido nos convida a viver um momento de retiro espiritual: a SANTA QUARESMA.
Na Santa Quaresma tudo nos leva a pensar no tripé de conduta de vida: a penitência, percorrendo estes quarenta dias preparando-nos para a Páscoa, quando então celebraremos o mistério da morte e ressurreição de Nosso Senhor, centro da nossa fé, dedicando maior atenção para a ORAÇÃO, AO JEJUM e à RECONCILIAÇÃO com Deus e com os nossos semelhantes.
Meus irmãos,
Quaresma é tempo de oração, de penitência, de jejum e de abstinência de carne, tudo isso em função de ser a morte e a ressurreição de Jesus o centro da celebração de nossa fé. Por isso, para fazer penitência e se converter, é preciso muita humildade, muita disposição de mudança e muita persistência.
A penitência começa conosco mesmos, dentro de nossas pequenas e grandes limitações, procurando corrigir nossos desvios e pecados e buscando lucrar a graça santificante de Deus. O orgulhoso é incapaz de fazer penitência, pois ela pressupõe humildade, o reconhecimento da pequenez de nossa natureza humana diante do Criador, diante do próprio mistério da criação.
Irmãos e Irmãs,
A Sagrada Liturgia insiste na autenticidade da penitência: rasgar o coração, não apenas as vestes. “Agora - diz o Senhor -, voltai para mim com todo o vosso coração com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes, e voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar do castigo” (Joel 2,12-13). Além disso, a Liturgia insiste no caráter interior do jejum, juntamente com as outras “boas obras”, a esmola e a oração.
A Primeira Leitura de hoje é uma exortação à penitência, ao jejum e a súplica. Penitência significa volta para Deus, por isso nós somos convocados pelo escritor sagrado: “rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo”(cf. Jl 2,13). Esta nota sagrada nos convida a entrar em espírito penitencial, de mudança de vida, de hábitos, para a procura da via ordinária da santidade.
Na Segunda carta de São Paulo aos Coríntios(2Cor 5,20-6,2), o Apóstolo proclama o novo tempo de reconciliação com Deus, com vistas à iminência da Parusia: “Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus. Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornemos justiça de Deus” (2Cor 5, 20b-21). São Paulo nos exorta a valorizar a reconciliação, aproveitando o sacramento da penitencia oferecido por Cristo, que assumiu o nosso pecado, e a não deixar passar a oportunidade, já que este é o tempo oportuno e favorável, para a mudança de vida e a busca do rosto de Deus.
O Evangelho deste dia(Mt 6,1-6.16-18) nos apresenta a esmola, o jejum e a oração como o triple fundamental para se viver bem o tempo favorável da Quaresma. Jesus nos apresenta estas três boas obras, que devem ser feitas em seu valor intrínseco, que só Deus vê, e não para serem vistos pelos homens e pelas mulheres.
O verme da vaidade, que incita o orgulho e à hipocrisia, tira à justiça cristã da generosidade, da gratuidade, a sua pureza virginal que busca a Deus unicamente. O olhar do homem deturpa tudo o que toca; é de um ardil sutil e fatal; pode haver uma tendência a praticar a justiça “só para ser visto pelos homens”.
As pessoas que fazem o pela de dar esmola, apenas para aparecer, que reza, que jejua, no palco de nossa ilimitada vaidade apenas e, secretamente não procura a justiça, mas ao egoísmo é réu da sua própria condenação.
Jesus é claro no dia de hoje: o jejum, a esmola e a oração são agradáveis a Deus somente quando Ele vê: “Ao contrário, quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa”(cf. Mt 6,6)
Caros irmãos,
Na Quaresma somos chamados a contemplação do rosto do Senhor: rosto que na Quaresma se apresenta como "rosto sofredor". Na Liturgia, nas Stationes quaresmais, e também na piedosa prática da Via Crucis, a oração contemplativa leva a unir-nos ao mistério d'Aquele que, mesmo não tendo conhecido o pecado, Deus identificou-O com o pecado em nosso favor (cf. 2 Cor 5, 21). Na escola dos Santos, cada batizado é chamado a seguir cada vez mais de perto Jesus que, subindo a Jerusalém e prevendo a sua paixão, confia aos discípulos: "Tenho de receber um batismo" (Lc 12, 50). O caminho quaresmal torna-se para nós, desta forma, seguimento dócil do Filho de Deus, que se fez Servo obediente.
O caminho para o qual a Quaresma nos convida realiza-se, em primeiro lugar, na oração: as comunidades cristãs devem tornar-se, nestas semanas, autênticas "escolas de oração". Depois, outro objetivo privilegiado é a aproximação dos fiéis ao Sacramento da reconciliação, para que cada um possa voltar a "descobrir Cristo como mysterium pietatis, no qual Deus nos mostra o seu coração compassivo e nos reconcilia plenamente Consigo" (Novo millennio ineunte, 37). A experiência da misericórdia de Deus, além disso, não pode deixar de suscitar o empenho da caridade, estimulando a comunidade cristã a "apostar na caridade" (cf. Novo millennio ineunte, IV). Na escola de Cristo, ela compreende melhor a exigente opção preferencial pelos pobres, opção que se for vivida "é dado testemunho do estilo do amor de Deus, da sua providência, da sua misericórdia" (ibid.).Meus Irmãos,
A celebração de hoje tem outro significado muito importante: louvar e agradecer ao Senhor pela sua abundante misericórdia: “Lembra-te de que és pó e ao pó tornarás”. Perante a grandiosidade de Deus nós somos um “verme”, o menor, o mais ínfimo de todos os servidores. Por isso, Deus nos ama com profundidade e derrama sobre nós a sua misericórdia e a sua paz. Mesmo sendo pó, Deus sempre se lembrará de nós e cumprirá a Sua promessa de conceder o Reino das Bem-aventuranças.
Fazer penitência não é ficar triste, mas, pelo contrário, é ficar alegre e feliz. “Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos” (Sl 50), rezamos no Salmo Responsorial desta celebração. É o canto da humildade clamando a misericórdia do Deus da Vida, sempre pronto a nos acolher, santos pela sua graça e pobres pecadores pelas nossas misérias, e nos coloca dentro da economia de sua Salvação. Nesse contexto de penitência e conversão, devemos perceber a misericórdia de Deus que confia com abundância na capacidade do homem de assimilar o Reino de Deus.
Desta forma, a Liturgia de hoje nos ensina que penitência é um reflexo de reparação depois de uma falta. Sentimos a insuficiência do homem natural que somos. Tratamos de reparar isso, mas sabemos que o único que pode reparar mesmo é Deus. Por isso, a melhor penitência é: abrir espaço para Deus.
Abrindo espaço para Deus, caminharemos quarenta dias, para vê-lo em toda a sua majestade, o SENHOR RESSUSCITADO QUE NA CRUZ MORREU PARA QUE RESSUSCITEMOS COM ELE. AMÉM!
Por: Padre Wagner Augusto Portugal
-----Pax et Bonnum-----
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