Salve Nossa Senhora da Conceição Aparecida
Está acontecendo desde ontem 26, o 13º Encontro das CEBs do Estado do Rio Grande do Sul em Santa Maria – RS, que irá até o dia 29 desde mês. Com o tema a ser desenvolvido “Justiça e profecia a serviço da vida” e com o lema bem sugestivo de uma necessidade em todoa a Igreja - “proféticas e missionárias na vivência do Reino”
Acompanhemos o que disse o assessor Pe Vileci Basilio Vidal
JUSTIÇA E PROFECIA A SERVIÇO DA VIDA
O 13º Intereclesial das CEBs do Rio Grande do Sul é um apelo para que as Comunidades de Base não deixe cair à profecia. E para atender a esse apelo feito por Dom Hélder, dias antes de sua morte, o trem das CEBs deve correr sobre dois trilhos: a Justiça do Reino e a construção da Paz. Para o profeta Isaías, quem busca a justiça está em busca de Deus (Is 51,1); e o próprio Jesus disse: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua Justiça” (Mt 6,33). O alicerce da Justiça e da Paz começa na construção do relacionamento humano, entre as pessoas, para que possa nascer e renascer a vida em comunidade. A semente da Paz não é como a semente de alface que nasce facilmente, mas como a semente de jacarandá: cresce devagar, leva tempo, a vida inteira.
Se a justiça é a virtude de dar a cada um aquilo que é seu, e a justiça social acontece quando todos se realizam plenamente como ser humano e vivem dignamente, então o sistema que privilegia poucos e coloca milhões na miséria não é justo. O programa “Brasil sem miséria” significa apenas um remendo para tapar uma parte da tragédia social que foi sendo construída ao longo dos séculos XX e XXI. Não se trata de uma política que reforce as condições de auto-organização da população, mas sim da burguesia. Pois, um desenvolvimento somente econômico não está em condições de libertar o ser humano; pelo contrário, acaba por escravizá-lo mais. O governo, como no tempo dos militares, continua apostando que o desenvolvimento se faz particularmente com grandes projetos, não importa a dor e comoção dos atingidos, as obras precisam ser feitas, mesmo que certos grupos tenham que ser sacrificados pela transposição do Rio São Francisco, pela usina nuclear de Itacuruba – PE, pelo urânio em Caitité – BA, pela usina do Rio Madeira – RO, pela barragem do Belo Monte – PA, pelo monocultivo do boi, da cana de açúcar, da soja, do eucalipto, pelas obras da Copa, etc. Todos são projetos pertencentes aos interesses do grande capital e que impactam comunidades tradicionais e a natureza.
Nos tempos do povo bíblico, houve épocas que as pessoas descobriam a Palavra divina através dos profetas e profetizas que denunciavam as injustiças. Depois, no meio dos exilados e no meio do povo lavrador não exilado surgiram profetas que não mais denunciavam os erros do povo e sim tentavam consolar e manter a esperança da salvação para comunidades meio desesperançadas. Parece ser o contexto das CEBs hoje: vive uma profecia da consolação em meio às vítimas dos grandes projetos do governo. E, como reza o salmista (Sl 74,9), parece que “não há mais nenhum profeta e ninguém sabe até quando”. Mas se abrirmos os olhos, a mente e o coração, descobrimos novos tipos de profetas e profetizas. Deus nunca deixa de se comunicar conosco. Paulo de Tarso fundou grupos de profetas e chamou de Igreja. Tratava-se de pessoas que queriam seguir o profeta Jesus de Nazaré. As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), a partir do Concílio Vaticano II, depois da conferência de Medellin (1968), procuram assumir esse papel profético da Igreja: grupos de pessoas que defendem a Paz promovem o diálogo e se colocam a favor dos pobres e injustiçados. São comunidades de Base formadas por pessoas que assumem o desejo de serem discípulas e missionárias de Jesus a serviço da vida.
-----Pax et Bonnum-----
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